quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Culpar os outros é mais fácil?

Como um fiel cristão, costumo ir à igreja todos os domingos e conheço uma pessoa que a frequenta que possui um passado difícil. Ele foi menino de rua no Rio de Janeiro e por muitos anos teve que pedir alimento e abrigo para as pessoas. Uma situação extrema de miséria e humilhação. Ao longo do tempo ele teve algumas oportunidades e as agarrou. Estudou, fez um curso técnico de guia de turismo e foi para o Chile aprender espanhol.

Morou 6 anos naquele país e teve outras grandes oportunidades, mas não as agarrou como havia feito com o estudo e aprendizado de uma nova língua. Soube através de amigos que ele contara que continuou, mesmo com um trabalho de guia de turismo, sendo um "pedinte" no Chile e por isso, não conseguiu sucesso em sua profissão. Hoje ele está com 50 anos de idade, com o espanhol impecável e muita capacidade de absorção de informações e conhecimento. Mas infelizmente, em sua área, o emprego no turismo não tão fácil de conquistar e outros trabalhos como faxineiro ou assistente geral ele não aceita. Mora em pensões e vive mudando de endereço. Por causa da situação, continua pedindo alimento e ajuda com roupas e cobertores para se aquecer nos dias frios.
Em uma conversa ele confessa: "Por mais que eu me esforce, eu sempre serei aquele menino de rua." E ele dizia isso como se fosse algo importante para ajudá-lo no presente.

Fiquei pensando no que Stephen R. Covey fala sobre determinismos. Ele explica que mesmo quebrando alguns paradigmas que aparentemente são muitos difíceis de serem superados, algumas pessoas determinam o modo de vida, em muitas vezes nocivos, que aparentemente são fáceis de serem solucionados.

Existe o determinismo genético, onde o indivíduo culpa as características de humor, atitude e traços de personalidade de seus pais, avós ou etnia: "Eu sou assim nervoso por que meus pais são italianos; os italianos são pessoas de pavil curto. Isso está no meu DNA."

Outros utilizam o determinismo psíquico, onde o indivíduo culpa a educação dada pelos pais, a vida que teve na infância (como no exemplo da história acima), sobre a pressão no trabalho, etc: "Meu chefe é muito exigente e a pressão que ele faz sobre mim prejudica meu relacionamento com minha esposa e meus filhos."

O determinismo ambiental é quando o indivíduo culpa o local onde vive, os pais, o chefe e outros para justificar suas atitudes: "Eu nasci na favela e por isso, preciso fazer parte do crime para poder proteger minha família."

Nós temos a liberdade de escolha. Sem sombra de dúvidas, algumas mudanças requerem muito esforço de nossa parte e muita vezes podem ser dolorosas no ponto de vista emocional. É preciso esforço grande, mas a recompensa é impagável. Para que um paradigma seja quebrado é necessário criar um ciclo que seja chama Hábito.

Para criarmos um hábito, precisamos entendê-lo e saber se será positivo em nossa vida. A escolha de um hábito requer responsabilidade, pois se criado de forma incorreta, pode ser nocivo. Os Hábitos são formados por três características:

Conhecimento: Saber o por que, as consequências de um determinado hábito. Tenha atenção, o hábito baseado em princípios é sempre utilizado de modo benéfico. A fase do conhecimento é importante para determinar o caráter de um indivíduo.

Habilidade: Por em prática o conhecimento adquirido. Ter alta coragem e consideração para mudar as atitudes anteriores que o prejudicavam com base no conhecimento do hábito a ser aplicado.

Desejo: Ter vontade de mudar. De viver o determinado hábito. Posso conhecer as consequências benéficas do hábito. Posso ter habilidade para executá-lo, mas se não tiver vontade, desejo, ele pode ser feito de uma forma errada ou não fazer diferença em minha vida.

Como citado, mudar o hábito ou paradigma requer esforço para que essa mudança faça parte do indivíduo. É como andar de bicicleta. No início você pode cair e se esforçar para manter-se equilibrado, mas depois fica tão natural que você não consegue entender como se equilibra sem aquele esforço anterior.

É fácil culpar os outros por nosso insucesso, por nossos problemas, mas mesmo assim, isso não mudará a situação atual. Ao invés de fazer isso, o indivíduo tem a liberdade de procurar uma resposta diferente para os problemas, transformando-os em oportunidades de crescimento e obter habilidades para passar por tempos de turbulência.

Apesar de parecer fácil dizer que "fulano fez isso comigo", isso pode piorar a situação e estar fadado a uma vida mediocre e miserável, como essa atitude.